
No dia 23 de novembro de 1900, em Salvador, nasceu Manoel dos Reis Machado — que viria a ser conhecido como Mestre Bimba. Filho de um mestre do batuque e de uma mãe que sustentava a família com trabalho honesto, Bimba cresceu rodeado por histórias de resistência e música corporal. O apelido que o marcou para a vida surgiu ainda no parto, com uma fala espontânea da parteira: “É um menino! Veja seu bimba!”. Assim, entrou no mundo com nome curioso, mas ganharia sentido histórico.
Infância e insubmissão criativa
Aos doze anos, começou a estudar capoeira Angola com Bentinho, um capitão-arrieiro. Logo percebeu que a prática corria o risco de morrer como “dança” sem força de combate. Com inquietação, começou a incorporar movimentos do batuque — luta em que seu pai era mestre — e a desenvolver técnicas como martelo e queixada. Quebrava a tradição com base, mas para reconstruí-la com eficácia. Sua busca culminou na criação da Capoeira Regional, revolucionária e funcional.A escola que mudou tudo
Nos anos 1930, Mestre Bimba estruturou a capoeira pela primeira vez como método de ensino: montou sequências didáticas, reformulou o treino, sistematizou movimentos. Em 1932 fundou o “Centro de Cultura Física e Luta Regional Baiana”, legalizado apenas em junho de 1937 — marco fundamental num período em que capoeira ainda era vista como crime. O mestre exigia disciplina, registros, deparou-se com estranhos, buscou respeito e abriu sua academia a mulheres, estudantes e profissionais da elite, tornando a capoeira uma prática respeitada.“Tirei a capoeira debaixo do pé do boi.” — Mestre Bimba



