
A Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte-Capoeira (ABADÁ-Capoeira) nasceu em 1988, idealizada por Mestre Camisa, em meio a um cenário de efervescência cultural no Rio de Janeiro. Mais do que um grupo de capoeira, a ABADÁ foi concebida como um movimento social, pedagógico e artístico, que hoje se espalha por mais de 30 países, com dezenas de milhares de praticantes.
As origens: da Bahia ao Rio
Inspirado nos ensinamentos de seu irmão Camisa Roxa e de Mestre Bimba, Camisa percebeu que a capoeira necessitava de uma organização sólida para alcançar novos patamares. Ao chegar ao Rio de Janeiro nos anos 1970, começou a ensinar em academias e rodas, desenvolvendo um estilo que unia técnica refinada, disciplina e a força cultural da capoeira. A partir dessa experiência, estruturou a ideia de uma associação que desse suporte não só ao jogo, mas também à dimensão cultural e social da capoeira.
A fundação em 1988
Com sede no Rio de Janeiro, a ABADÁ foi oficialmente fundada em 1988. Desde o início, adotou um modelo associativo, sem fins lucrativos, pautado em valores de disciplina, cidadania, respeito e inclusão social. Seu nome expressa essa missão: apoiar e desenvolver a capoeira não apenas como luta, mas como arte, educação e identidade cultural.
“A ABADÁ nasceu da necessidade de organizar a capoeira, sem perder suas raízes, mas ampliando seus horizontes.”
— Mestre Camisa
Metodologia e filosofia
A ABADÁ consolidou um método próprio, fruto da experiência de Camisa e da herança de Bimba. Seu sistema de graduação, baseado em cordas coloridas, simboliza a evolução técnica e ética do praticante. Ao mesmo tempo, a associação promove uma capoeira que integra a eficiência marcial com a musicalidade e a tradição, formando indivíduos conscientes de seu papel cultural e social. Mais do que formar lutadores, a ABADÁ se destacou como uma escola de vida, transmitindo valores de disciplina, solidariedade e respeito.
Expansão internacional
Em pouco tempo, a ABADÁ ultrapassou as fronteiras brasileiras. Atualmente, está presente em mais de 30 países, incluindo Estados Unidos, França, Alemanha, Japão e Angola, onde mestres e professores formados por Camisa levam a capoeira a novas gerações. Esse processo de internacionalização transformou a ABADÁ na maior associação de capoeira do mundo. Sua presença global também ajudou a consolidar a capoeira como uma das expressões culturais mais reconhecidas do Brasil no exterior, sendo instrumento de identidade, orgulho e integração cultural.
Projetos sociais e culturais
Além do ensino da capoeira, a ABADÁ investe em projetos sociais que atendem comunidades carentes, utilizando a arte da ginga como ferramenta de inclusão e cidadania. Crianças e jovens encontram na roda de capoeira um espaço para disciplina, autoestima e convivência coletiva. Eventos como o Jogos Mundiais de Capoeira reúnem praticantes de todo o planeta, celebrando a diversidade e reforçando o papel da capoeira como patrimônio imaterial da humanidade. A associação também atua em escolas, universidades e projetos culturais, fortalecendo o reconhecimento institucional da capoeira.
Legado e atualidade
Hoje, mais de três décadas após sua fundação, a ABADÁ continua a expandir sua atuação. Seus núcleos espalhados pelo mundo organizam rodas, batizados, cursos, oficinas e projetos educativos. A associação é reconhecida não apenas como um grupo de capoeira, mas como um movimento cultural global, que preserva a tradição afro-brasileira ao mesmo tempo em que projeta a capoeira para o futuro. Em cada roda organizada pela ABADÁ, ecoa a visão de Mestre Camisa: uma capoeira que honra suas raízes africanas e brasileiras, mas que também dialoga com o mundo moderno.
A cada toque de berimbau em uma roda da ABADÁ, ressoa a visão de Mestre Camisa: uma capoeira que é luta e música, tradição e inovação, resistência e cidadania. Um legado vivo que segue transformando vidas em todos os continentes.



